terça-feira, junho 29, 2010

Voando com "Los Voladores de Papantla"



As danças indígenas da América Hispanica, foram proibidas durante muitos anos pelos espanhóis, porém uma das que mais resistiu, foi “El Juego del Volador”, esta dança, foi preservada principalmente pelos grupos mexicanos nahuas e totonacos , presentes na Serra Norte de Puebla e no Totonacapan de Veracruz, sendo muito popular e difundida em Papantla, Veracruz, e por isso os “dançarinos” são conhecidos como “Voladores de Papantla”.

As origens desta ceremonia não são certas, mas provavelmente seja da época prehispanica. Conta a lenda, que faz muitos , muitos anos, houve uma grande seca na região de Totonacapan que trouxe muita fome, morte e doenças para os povos desta região. Um grupo de velhos feiticeiros tiveram uma visão, e encomendaram a um grupo de jovens a tarefa de procurar e cortar a árvore mais alta do monte, para utilizá-la num ritual com música e dança para pedir ajuda aos deuses e que estes lhes concedessem chuva e fertilidade para a terra. Esta dança deveria ser feita desde as alturas, para que as preces fossem ouvidas mais facilmente pelos deuses.Parece ser, que o ritual foi bem sucedido, e por isso passou a realizar-se periodicamente, transformando-se numa pratica permanente.

Esta ceremonia, nao se inicia na dança. Tudo começa na seleção da árvore, que é escolhida pelo chamado “caporal” e que é a máxima autoridade do grupo, quando escolhe a árvore, dança em volta dela, e pede perdão aos deuses por tirar a vida de um ser vivo. Originalmente utilizavam-se apenas 3 variedades de árvores:
Zuelania ghidonia, Aspidosperma megalocarpon e Carpodiptera ameliae, já que são árvores com troncos fortes e resistentes.A arvore é cortada e são retiradas as ramas e folhas e segundo a tradição, ninguém podia passar por cima do tronco e também nenhuma mulher o podia tocar, pois isto traria má sorte aos “voladores”.

Uma vez escolhido o local para fixar o tronco, teciam em volta dele uma escada e novamente faziam um ritual com oferendas para que o tronco não tirasse a vida a nenhum dos participantes.

A musica é composta por um tambor e uma pequena flauta que é tocada pelo próprio “caporal”. O "caporal" fica sentado na ponta superior do tronco (de 20 a 30 metros de altura) tocando estes instrumentos e dando pequenos saltos ao ritmo da musica, e os “voladores”, que são quatro ( cada um representando os pontos cardeais: Norte, Sul, Este e Oeste) começam a girar em volta do tronco, fazendo isto em queda livre, apenas segurados por uma corda. Quando os “voladores” se encontram a uma altura próxima do solo, giram o seu corpo, posicionando-o de forma normal e aterram. Estes dançarinos são treinados desde os 10 anos de idade.
Cada sinal que o “caporal” faz, é um tipo de acrobacia e a cada uma delas, cada “volador” pula em queda livre, girando 13 vezes cada um deles, que multiplicado pelos quatro “voladores” dá um resultado de 52. Este número é o símbolo do ciclo de 52 anos do calendário indígena (Xiuhmolpilli).
Existe a “Unión de danzantes y voladores” que preservam a tradição desta dança, já que muitos “voladores” nos últimos tempos têm modificado o ritual. Por exemplo alguns utilizam tubos de ferro em vez de um tronco de madeira e muitos superam o número de 13 voltas, comercializando o ritual como espectáculo.No dia 30 de setembro de 2009, a “Ceremonia Ritual de los Voladores” foi declarada Patrimonio Inmaterial da Humanidade pela Unesco.


Andando pelo México, alguma vez eu já vi estes "voladores" e a sua dança... são sem dúvida incriveis!



Video :


Leia mais: www.voladoresdepapantla.com




Um comentário:

  1. tambem deve ser a unica dança onde se cais, morres.. eu nao arriscaria minha vida por uma chuvinha :)
    tá legall ;)
    beijinho, manuel

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