As origens desta ceremonia não são certas, mas provavelmente seja da época prehispanica. Conta a lenda, que faz muitos , muitos anos, houve uma grande seca na região de Totonacapan que trouxe muita fome, morte e doenças para os povos desta região. Um grupo de velhos feiticeiros tiveram uma visão, e encomendaram a um grupo de jovens a tarefa de procurar e cortar a árvore mais alta do monte, para utilizá-la num ritual com música e dança para pedir ajuda aos deuses e que estes lhes concedessem chuva e fertilidade para a terra. Esta dança deveria ser feita desde as alturas, para que as preces fossem ouvidas mais facilmente pelos deuses.Parece ser, que o ritual foi bem sucedido, e por isso passou a realizar-se periodicamente, transformando-se numa pratica permanente.
Esta ceremonia, nao se inicia na dança. Tudo começa na seleção da árvore, que é escolhida pelo chamado “caporal” e que é a máxima autoridade do grupo, quando escolhe a árvore, dança em volta dela, e pede perdão aos deuses por tirar a vida de um ser vivo. Originalmente utilizavam-se apenas 3 variedades de árvores: Zuelania ghidonia, Aspidosperma megalocarpon e Carpodiptera ameliae, já que são árvores com troncos fortes e resistentes.A arvore é cortada e são retiradas as ramas e folhas e segundo a tradição, ninguém podia passar por cima do tronco e também nenhuma mulher o podia tocar, pois isto traria má sorte aos “voladores”.
Uma vez escolhido o local para fixar o tronco, teciam em volta dele uma escada e novamente faziam um ritual com oferendas para que o tronco não tirasse a vida a nenhum dos participantes.
A musica é composta por um tambor e uma pequena flauta que é tocada pelo próprio “caporal”. O "caporal" fica sentado na ponta superior do tronco (de 20 a 30 metros de altura) tocando estes instrumentos e dando pequenos saltos ao ritmo da musica, e os “voladores”, que são quatro ( cada um representando os pontos cardeais: Norte, Sul, Este e Oeste) começam a girar em volta do tronco, fazendo isto em queda livre, apenas segurados por uma corda. Quando os “voladores” se encontram a uma altura próxima do solo, giram o seu corpo, posicionando-o de forma normal e aterram. Estes dançarinos são treinados desde os 10 anos de idade.
Cada sinal que o “caporal” faz, é um tipo de acrobacia e a cada uma delas, cada “volador” pula em queda livre, girando 13 vezes cada um deles, que multiplicado pelos quatro “voladores” dá um resultado de 52. Este número é o símbolo do ciclo de 52 anos do calendário indígena (Xiuhmolpilli).
Existe a “Unión de danzantes y voladores” que preservam a tradição desta dança, já que muitos “voladores” nos últimos tempos têm modificado o ritual. Por exemplo alguns utilizam tubos de ferro em vez de um tronco de madeira e muitos superam o número de 13 voltas, comercializando o ritual como espectáculo.No dia 30 de setembro de 2009, a “Ceremonia Ritual de los Voladores” foi declarada Patrimonio Inmaterial da Humanidade pela Unesco.
Andando pelo México, alguma vez eu já vi estes "voladores" e a sua dança... são sem dúvida incriveis!
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